1.1. Carta de Apresentação
O “Projeto Cidadania” surgiu da vontade de um grupo de pessoas no cerne da entidade sindical FENASCON (Federação Nacional dos trabalhadores em Serviços, Asseio e Conservação, Limpeza Urbana, Ambiental e Áreas Verdes) que é nossa Federação Nacional, de ver uma sociedade verdadeiramente composta por cidadãos consciente de seus direitos e deveres, imbuídos na construção de uma sociedade menos desigual e mais solidária.
Para atingir estes objetivos o projeto foi dividido em duas etapas:
1ª Etapa: Projeto Sindicato Cidadão
Nesta etapa, que começou a partir de Janeiro de 1.999, nossa FEDERAÇÃO começou instruindo e preparando o dirigente sindical através dos cursos, para se engajar na sociedade e ajudá-la a se organizar e defender os interesses da coletividade.
2ª Etapa: Projeto Cidadania
Na Segunda etapa, foi montada e adaptada uma estrutura de informação e formação capaz de atender não só o dirigente sindical, mas a todo cidadão interessado em obter conhecimentos e informações relevantes para o processo de construção de uma cidadania plena para toda a sociedade.
A seguir descreveremos cada uma das etapas.
1.2. “Projeto Piloto Sindicato Cidadão”
1.2.1. Carta de Apresentação
Os desafios e dificuldades colocados ao movimento sindical pelas transformações pelas quais passa a sociedade hoje exigem do sindicato um novo papel frente à sociedade. Exigem que se arranque as raízes de árvores cujos galhos só oferece sombra à classe trabalhadora, para em seu lugar plantar uma árvore, com raízes profundas, cujos galhos possam oferecer sombra não só para aquele que vivem do trabalho, ou a procura dele, mas à todo ser humano que necessite de condições básicas para viver com dignidade, igualdade e justiça social.
Foi a partir desta realidade e da necessidade de mudança que este projeto nasceu, renovando não só o significado do trabalho de formação sindical, como também os objetivos a serem atingidos, caminhando em direção ao que a Fenascon/femaco/sindicato da limpeza de Araçatuba e Região chamou de Sindicato Cidadão.
Com esta finalidade, o Departamento Nacional de Formação Sindical (DENAFOR) foi criado pela Fenascon, e com sucesso vem realizando cursos, seminários e palestras para todo o grupo da Fenascon, e também para outros grupos e entidades, que, ao tomarem conhecimento do projeto imediatamente solicitaram nossos serviços. Uma vez realizado o cursos, oferecemos acompanhamento durante a implementação do projeto, estando permanentemente à disposição de todos aqueles que tenham participado de nossos cursos e se proposto a implementar o projeto Sindicato Cidadão.
No ano de 1.999 foram realizadas com muito sucesso e receptividade, em vários Estados, e é importante salientar: com recursos próprios, 16 (dezesseis) apresentações de nosso trabalho, atingindo diretamente cerca de 1.000 dirigentes sindicais, e indiretamente cerca de 10.000 pessoas, uma vez que os participantes ficam responsáveis por passar os conhecimentos adquiridos para todos os membros do sindicato, para a comunidade onde mora e também para sua família.
O nosso objetivo é prestarmos um serviço de qualidade que possa contribuir, a longo prazo, e indo de encontro às aspirações da Fenascon, para a construção de um novo tipo de sindicalismo e sindicalistas : um sindicalismo que vá além dos interesses de classe, comprometido com a criação de uma sociedade onde se tenha conquistado patamares mínimos de igualdade civil e social, comprometido com a transformação do indivíduo em cidadão que tenha pleno conhecimento de seus direitos e deveres, capaz de construir e mudar a própria história a partir de uma participação efetiva na sociedade. Alguém engajado nas tarefas de seu tempo, voltado para a realização de sua individualidade e ainda dotado de consciência social.
O sindicato não pode mais se restringir às lutas trabalhistas, mas se envolver na luta pela cidadania plena do trabalhador, na luta pelo direito a ter direitos, por educação, transporte, saúde, moradia, informação e tudo que permita ao trabalhador melhorias efetivas de qualidade de vida.
Deve estar engajado em movimentos sociais e políticos, atuando no sentido de organizar a população para que tenha maior capacidade de mobilização, reivindicação e força política junto aos governos; e ainda, e principalmente, assuma o papel de despertar a solidariedade entre as pessoas e a noção de responsabilidade para com a Sociedade
Trilhando este caminho, sindicatos e sociedade organizada, devem fazer chegar à consciência coletiva e às autoridades que possuem o poder institucional de mudança, a exigência de uma transformação social profunda, alicerçada nas necessidades e anseios populares.
É pautado nesta filosofia que estamos desenvolvendo o trabalho de formação sindical, e é na construção desta nova sociedade e deste cidadão que nos propomos a contribuir.
1.2.2. Introdução
O mundo neste final de século passa por profundas mudanças, principalmente de ordem econômica, impulsionadas por um processo de internacionalização das relações comerciais e econômicas, e conseqüentemente da produção, intitulado Globalização.
Este processo possibilita o rápido deslocamento da produção a nível internacional, pois o capital está sempre a procura de baixos custos para produzir, o que faz com que os trabalhadores tenham que disputar postos de serviço não só com trabalhadores de sua empresa, de sua cidade ou estado, mais também de todo seu país e com o resto do mundo, em condições de absoluta desigualdade.
Da forma como a chamada Globalização está acontecendo, uma integração econômica mundial em bases desiguais, sem respeitar a diversidade, tomando como padrão universal o capitalismo dos países de primeiro mundo e forçando outros países a adotar medidas que não lhe convém, tende a agravar ainda mais a situação econômica e social de países como o Brasil, pois a globalização em escala planetária das atividades produtivas leva necessariamente a grande concentração de renda, contrapartida dos processos de exclusão social.
Nos acenam com novos estilos de família, maneiras diferentes de trabalhar e viver; novas economias; novos políticos e acima de tudo novas formas de enxergar a sociedade e novas formas de interagir com esta sociedade; com novos padrões de sociabilidade, vida cultural e consciência, simultaneamente às condições de organização, mobilização e reivindicação do trabalho. Estas mudanças, que na maioria das vezes se apresentam para o trabalhador como melhoria de qualidade de vida e de condições de trabalho, tem um objetivo que poucos conseguem enxergar: fazer com que o trabalhador renda o máximo de sua capacidade, atinja o ápice de produtividade sem que se de conta disso.
As culturas nacionais são atropeladas pelas orientações do progresso tecnológico, que vindo juntamente com este processo, permite a transferência do conhecimento científico para a produção de máquinas capazes de potencializar e, em alguns casos, substituir inteiramente o trabalho humano.
Com o advento da microeletrônica e os progressos do desenvolvimento científico-tecnológico aplicado a produção, o que percebemos é que nossos sonhos, cultivados nos últimos duzentos anos, não vêm se realizando, o que traz à tona uma série de dúvidas: não era certo que a automação libertaria o homem das mazelas e das corvéias do trabalho? As máquinas não substituiriam o trabalho pesado criando um novo conceito de civilização, de trabalho e tempo, beneficiando assim o trabalhador? O lazer não sairia vitorioso sobre o trabalho automatizado? O aumento de produtividade e de capitalização não trariam uma distribuição mais igualitária dos rendimentos? O mundo não seria permanentemente realimentado pela boa escola , com mestres atualizados e respeitados salarialmente, com hospitais-padrão públicos tratando as pessoas como seres humanos complexos, como cidadãos trazendo-lhes o conforto das descobertas científicas?
O que observamos hoje está longe do cenário descrito acima. Os progressos do desenvolvimento científico-tecnológico, aplicados à produção, têm beneficiado na maioria das vezes os detentores do capital, pois além de reduzir o tempo e os custos da produção, têm servido de justificativa para as demissões, isentando as empresas da responsabilidade para com as conseqüências sociais deste processo.
Diante da forte volatilidade do mercado, do aumento da competição e do estreitamento da margem de lucro, os patrões tiram proveito das dificuldades que atravessa o movimento sindical e da grande quantidade de mão-de-obra excedente ( desempregados ou subempregados ) para tentar impor regimes e contratos mais flexível.
A terceirização, (processo que se caracteriza quando uma determinada atividade deixa de ser desenvolvida por trabalhadores de uma empresa e é transferida para uma outra empresa, então, chamada de “terceira”), é um dos determinantes do crescimento da participação do setor de serviços na economia.
Qualificação e intelectualização do trabalho para alguns, que ficam no núcleo das empresas da era da competitividade, e desqualificação, precarização, terceirização, trabalho informal, etc., para muitos que compreendem o subproletariado fabril e de serviços hoje.
O setor de serviços, do qual fazemos parte, e cuja expansão das atividades constitui uma das mais importantes mudanças introduzidas no cotidiano humano no século XX, e que representa hoje mais que a metade do emprego total e do PIB, responde por grande parte destes trabalhadores nas condições descritas acima.
No Brasil, a discussão do setor de Serviços significa, necessariamente, trazer à superfície questões relativas à pobreza e à desigualdade social, bem como a problemática da produtividade e da competitividade de suas empresas. Tradicionalmente, o setor de Serviços, e em especial alguns dos seus segmentos, são empregadores de mão-de-obra de baixa qualificação e absorvem uma parcela expressiva do emprego e dividem a opinião de estudiosos no que diz respeito a seu papel na geração da pobreza e desigualdade.
Na medida em que se entende que os Serviços desempenham um papel central como absorvedor da mão-de-obra expulsa de outros setores, uma importante característica a ser averiguada é a qualidade dos postos de trabalho. Segundo estudos do Ministério da Industria, do Comércio e do Turismo (1.997), a proporção de mão-de-obra contratada com carteira assinada no setor de serviços é extremamente reduzida: mal chega a 25%. Os rendimentos nos Serviços também estão longe de ser satisfatórios: cerca de 50% da mão-de-obra percebe menos de quatro salários-mínimos.
É hora de se repensar o mercado de trabalho brasileiro, e não podemos nos isentar desta tarefa, pois é clara a tendência de queda dos empregos com carteira assinada, compensada pelo aumento do trabalho, principalmente no setor de Serviço.
Não podemos assumir uma posição de passividade diante desta questão social ampla, pois fazem parte dos números do aumento da informalidade os trabalhadores que representamos, que vêem seus empregos serem substituídos, por exemplo, por ex-metalúrgicos, ex-bancários, e até pessoas com nível superior, em função do desemprego. Precisamos lutar junto com este trabalhador no intuito de não deixá-lo à margem da sociedade, pois nada estabelece limites tão rígidos à liberdade e dignidade de um cidadão quanto a absoluta falta de dinheiro.
Diante desta conjuntura mundial, das crescentes exigências do mercado de trabalho e das incertezas que a economia brasileira nos coloca hoje, vemos a necessidade de, enquanto participantes de uma instituição organizada da sociedade, o Sindicato, darmos nossa contribuição na preparação do trabalhador para enfrentar esta nova realidade.
Mas, para nos empenharmos nesta tarefa, precisamos estar organizados e prontos para servimos a este trabalhador.
As recentes alterações da economia e da política brasileira traçam hoje para os sindicatos um cenário pouco animador: no plano econômico as conquistas salariais, marca do sindicalismo, se restringiram a reposição da inflação, o crescimento econômico não significa mais novos empregos. Os últimos anos demonstram que a economia está se retraindo, a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1.997 foi 3,68%; em 1.998 foi 0,15%, o que traz a tona o fantasma da recessão e com isso o aumento do desemprego. No plano político, tramita no congresso uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com a unicidade sindical, institui o pluralismo e o sindicato por empresa, elimina a substituição processual dificultando o acesso à Justiça, acaba com o contribuição sindical e restringe a representação apenas aos associados entre outra coisas.
Quem não estiver preparado para oferecer produtos e serviços de qualidade, e engajado na sociedade reunindo forças portanto, não vai conseguir sobreviver.
Neste sentido, a proposta da Fenascon de “ampliar o conceito de nossas organizações de base e avançar para um Sindicato Cidadão”, vem de encontro a esta necessidade de mudança.
Não podemos abrir mão de nossos sonhos descritos neste documento, precisamos resgatá-los e, juntos com a sociedade organizada, lutarmos para transforma-los em uma realidade possível.
Não podemos também fugir dos problemas que a modernidade nos coloca, nos escondendo atrás da afirmativa de se tratar de um processo irreversível. Sim, concordamos que se trata de um processo mundial e irreversível, o que queremos discutir e a forma de integração a este processo e buscar a globalização não só das forças produtivas e das desigualdades, mas também dos benefícios e das riquezas geradas às custas do suor de nosso trabalhador.
Nos resta agora partimos para o trabalho de fato, preparando o nosso dirigente e o nosso sindicato para esta nova forma de ação sindical, que podemos chamar de engajada socialmente, para ajudar na organização da sociedade, e juntos sonharmos com uma sociedade mais igualitária, solidária e justa para nossos filhos.
1.2.3. Justificativa
Tendo como parâmetro de ação o cenário descrito acima e as dificuldades que o movimento sindical enfrenta hoje, este projeto se coloca como de fundamental importância no papel de promover a reorganização e fortalecimento do movimento sindical, uma vez que, através dos encontros, seminários, cursos e debates pretende preparar os dirigentes não só para melhor representar os trabalhadores, mas principalmente alimentá-los de informação para que possam discutir e propor novas alternativas ao movimento sindical e ao novo mundo do trabalho; além de mostrar os caminhos a serem seguidos para se engajar na sociedade e reunir força para muda-la como um todo.
1.2.4. Objetivos
1.2.4.1. Geral
• Diante da baixa qualificação dos dirigentes sindicais e das posturas viciosas e ultrapassadas, prepará-los para efetivamente ocupar seu espaço com a postura necessária a um líder, tornando-os capazes de discutir e propor novas alternativas dentro da filosofia do Sindicato Cidadão, além de melhor representar os trabalhadores, e contribuir com isso com o fortalecimento e organização social.
1.2.4.2. Específicos
• Qualificação de dirigentes sindicais, no sentido de torná-los lideres,
• Melhorar o nível das negociações coletivas,
• Tornar eficiente a comunicação entre o sindicato e a base,
• Fazer com que o dirigente aproxime o trabalhador do sindicato e da sociedade, fixando a imagem do sindicato como órgão de apoio não só de causas trabalhistas, como também sociais,
• Fortalecer a figura do dirigente como referência positiva junto à base e a sociedade,
• Engajar o dirigente em movimentos sociais e comunitários, preparando-o para a condução e resolução dos problemas,
• Subsidiar a formulação de políticas publicas junto com outras organizações sociais,
• Incentivar a participação dos dirigentes na vida política do país,
• Eleger representantes do movimento sindical nas esferas municipais, estaduais e federal.
1.2.5. Metodologia
Os cursos são organizados em módulo temáticos (ex: jurídico, ativismo, economia, etc.,) com tempo de duração, número de participantes, e abrangências dos temas definidos de acordo com a necessidade do publico.
A apresentação dos módulos temáticos podem ser nos seguintes formatos:
• Cursos: com a apresentação de todos os módulos e duração aproximada de 4 dias,
• Seminários: com a apresentação resumida de todos os módulos, ou somente alguns, e duração aproximada de 2 dias,
• Palestras: com a apresentação de um módulo ou tema específico, e duração aproximada de 3 horas,
Ainda poderá ser feita, a quem solicitar, a apresentação somente do projeto, com duração aproximada de 3 horas.
São elaboradas e distribuídas entre os participantes apostilas com o conteúdo do curso.
A forma de apresentação é a exposição oral, podendo o expositor fazer uso de slides, flip-chart, vídeo, retroprojetor e outros recursos audiovisuais de acordo com a necessidade.
Ao final de cada curso é reservado um espaço de tempo para a discussão da utilidade e importância dos temas apresentados, e para a avaliação do curso.
Quanto aos temas polêmicos, tendências econômicas, sociais, políticas ou sindicais; ou qualquer outro tema que exija um posicionamento político-estratégico, a Fenascon sempre é consultada.
1.2.6. Estratégia
Os cursos são ministrados nos espaços físicos cedidos por sindicatos ou alugados pela Fenascon, com recursos próprios. Concomitantemente, estamos vislumbrando a possibilidade da criação de um Instituto, com espaço físico próprio onde serão ministrados todos os cursos e atividades, além de possibilitar a um número maior de pessoas a participação no projeto.
Os sindicatos devem se engajar em movimentos populares, sociais, organizações governamentais e não governamentais, associações de moradores de bairro, associação de pais e mestres, grupos de discussão, conselhos (de segurança, tutelares, disciplinares, fiscais, etc.,), reunindo força na sociedade para juntos organizarem ações e traçarem estratégias para melhorar a qualidade de vida do cidadão.
As pessoas envolvidas (lideres de associação de bairro e de movimentos populares, participante de ongs, etc.,), estão sendo convidados para conhecerem e participarem de alguns de nossos cursos, para desta forma se engajarem no projeto, e possibilitarem a realização da segunda etapa do mesmo.
1.2.7. Metas:
1.2.7.1. Metas Alcançadas 1.999*:
Neste ano de 1.999 já realizamos com muito sucesso, em vários Estados, 16 (dezesseis) apresentações de nosso trabalho, atingindo diretamente cerca de 1.000 dirigentes sindicais, e indiretamente cerca de 10.000 pessoas, uma vez que os participantes ficam responsáveis por passar os conhecimentos adquiridos para todos os membros do sindicato, para a comunidade onde mora e também para sua família.
1.2.7.2. Metas Objetivadas 2000:
Devido ao sucesso e receptividade do projetos por parte daqueles que participaram, e ao grande número de solicitações de novos cursos, pretendemos para o ano 2.000, realizar cerca de 60 apresentações, atingindo diretamente cerca de 5.000 pessoas diretamente e 50.000 pessoas indiretamente.
* Previsão até dezembro de 1.999.
1.2.8. Áreas de Atuação do Denafor
1.2.8.1. História, Sociologia, Política e Economia
Responsáveis: Profº. Natal Léo e Profa Fabiane Cabral da Costa.
Objetivos: Fornecer conhecimentos que possibilite não só o entendimento e a reflexão da realidade social, política e econômica nacional e internacional, como também a formulação de propostas e estratégias no sentido de ver consolidado os propósitos deste projeto, ou seja, de ver uma sociedade mais justa, solidária e compostas por cidadão de fato; fomentar a participação e intervenção nas diversas esferas da sociedade.
1.2.8.2. Comunicação, Ativismo Sindical, Imagem, Postura e Reflexões sobre o Sindicalismo
Responsável: Profº Natal Léo.
Objetivos: Fornecer orientação ao dirigente, dentro da filosofia do Sindicato Cidadão, de como deve se comportar em relação ao sindicato, à comunidade, enfim, em relação a sociedade e suas diferentes esferas de atuação. De como expressar bem e passar a mensagem do projeto e os conhecimentos adquiridos com este, de maneira a conquistar e envolver o maior número de pessoas.
1.2.8.3. Jurídica
Responsáveis: Dr. Francisco Larocca
Objetivos: Fornecer as ferramentas necessárias para a consolidação do projeto, mostrando os caminhos a serem seguidos dentro da lei, para que possamos realizar o sonho de vermos uma sociedade compostas por cidadão no pleno gozo de seus direitos civis, políticos e sociais.
1.3. “Projeto Cidadania”
1.3.1. Carta de Apresentação
Violência, fila nos hospitais, fila para conseguir vaga nas escolas públicas, desemprego, abusos econômicos por parte dos intitulados representantes do povo, abusos de autoridade, corrupção, miséria, fome.
Esta é a realidade latente de milhões de brasileiros hoje, e não podemos alimentar a ilusão de que as soluções cairão do céu ou das mãos dos governantes. Precisamos nos organizar para fazermos valer nossos direitos de cidadão, pois aqui não basta a promulgação de leis porque elas são insuficientes. A cidadania plena deve aparecer como o resultado de um processo histórico de lutas na qual as leis são um de seus momentos. A mudança gradual e lenta da cultura social e política é fator resultado do exercício da cidadania ativa, aquela que opera via a participação dos cidadãos de forma que interfere, interage e influência na construção dos processos democráticos em curso nas arenas públicas, segundo os princípios da eqüidade e da justiça, tendo como parâmetros o reconhecimento e a vontade expressa de universalização dos direitos.
É, com a finalidade de despertar os cidadãos adormecidos para o exercício da cidadania, e para alavancar este processo histórico de mudanças rumo a uma sociedade plena de igualdade e justiça social que o “Projeto Cidadania” se propõe a contribuir, dando subsídios teóricos e apoio técnico, juntamente com apoio de uma instituição organizada e reconhecida da sociedade, o Sindicato.
Temos que redefinir o papel da comunidade, da sociedade no cenário político, social e econômico, deixar de ser apenas um locus geográfico espacial, para se tornar uma categoria da realidade social, de intervenção nesta mesma realidade; além de abandonar a postura, até então predominante na cultura política e social brasileira , de se esperar pela ação do Estado enquanto uma obrigação, e criticá-lo pelo não cumprimento ou omissão.
Precisamos também assumirmos nossos deveres enquanto cidadãos, a responsabilidade social de zelarmos pelo público, que é nosso, ou melhor, de todos.
Cabe a sociedade civil organizada o papel de semear um futuro melhor, mais justo e feliz para a coletividade. Diante destas demandas e responsabilidades que pesam hoje sobre a sociedade civil, o “Projeto Cidadania” se coloca a disposição para que juntos, possamos trilhar os caminhos da mudança e finalmente erguermos a bandeira da vitória da cidadania.
1.3.2. Introdução
O estilo burocrático e patrimonialista de governar o Estado, subordinou a sociedade civil (ao Estado) através de relações de poder paternalistas e favoreceu a criação de um imaginário social onde o Estado é sempre doador, provedor da ordem, da justiça, do direito, e dos favores. Gerou-se uma cultura de dependência mútua, que inibe os processos de autonomia e de crença na capacidade de resolver por si próprios os problemas, assim como acostumou-se com não se protestar contra a má qualidade dos serviços públicos existentes.
Este é o cenário da cidadania que temos nos anos 90, uma cidadania desestimulada com os resultados de quase uma década de democracia, onde a sociedade civil passou a descrer da política e das ações do Estado em geral. As ideologias implícitas nas políticas neo-liberais dos anos 80 tiveram seus efeitos. Elas foram assimiladas pela população, desgostosa com a atuação de políticos corruptos, e com a burocracia e ineficiência das ações governamentais. Aumento do desemprego, crescimento da violência, precarização do ensino e da saúde, (herdadas da ditadura), dentre outras coisas contribuíram para o descredito na política e no Estado. Consequentemente a função político-partidária também se tornou sinônimo de ações não bem vistas.
Movimentos sociais e ações sindicais com recorte político-partidário também passaram a perder credibilidade. As lutas dos anos 90 são mais pontuais, é menos um projeto de transformação social e mais uma luta por direito de expressão de individualidades, como questões relativas a gênero, raça, etnia, ou ecologia, fome, habitação, etc.,.
Diante das crises econômicas e sociais, se intensificam as organizações de apoio, de ajuda e crescem os movimentos populares. Nos anos 90, estruturam-se ações a partir de redes associativas compostas por atores coletivos do tipo movimentos sociais, ONGS de vários tipos, entidades de classe que apoiam setores populares, departamentos específicos das universidades e de alguns órgãos públicos que desenvolvem trabalhos em parceria com entidades populares, pequenas grupos produtivos organizados sob a forma de cooperativas de trabalho, etc. Porém, todos estes movimentos têm objetivos que se encerram em si mesmos, ou seja, não existe objetivos maiores, objetivos de melhorar a sociedade como um todo, mas de somente ajudar aquele grupo que representa, ou que se propôs a ajudar.
Este é o câncer da sociedade civil moderna, a falta de um objetivo maior que conduza as ações, a falta de solidariedade entre os grupos que compõem a sociedade civil.
Neste sentido, o projeto pretende ser um sintetizador das aspiração comum a todos os cidadãos, um elemento agregador de que consiga reunir a sociedade civil, e na medida que esta conseguir se organizar e se fortalecer, será bem sucedida, e com isso tornar mais forte cada uma das organizações que a compõem.
A cidadania, ou melhor, a busca da cidadania deve ser uma prática de vida, só existe cidadania se houver a prática da reivindicação, da apropriação de espaços, da vontade de fazer valer os direitos do cidadão. Neste sentido a prática da cidadania, através da participação social e política, pode ser uma estratégia, por excelência, para a construção de uma sociedade melhor e mais igualitária, e isto depende de todos nós.
1.3.3. Justificativa
Diante do cenário de total desagregação da sociedade civil neste final de século descrito acima, e da carência de cidadania de grande parte dos brasileiros, o “Projeto Cidadania se coloca como de fundamental importância, uma vez que através de seus cursos, seminários e palestras, dará subsídios para a ação dos grupos que compõem a sociedade civil, além de se constituir como um espaço de encontros, debates e formulação de estratégias e ações no sentido de transformar a realidade social em que vivemos.
Esta tarefa ganha não só impôrtância, mas sobretudo urgência, diante das dificuldades crescentes que a sociedade encontra para se contrapor ao corporativismo que insiste em colocar o Estado a serviço de poucos.
1.3.4. Objetivos
1.3.4.1. Geral
• Diante da desagregação social já referida, contribuir com o fortalecimento e organização da sociedade civil, com o objetivo de favorecer um maior número de ações conjuntas desta mesma sociedade, para assim conseguir transformar a sociedade atual numa sociedade plena de justiça e igualdade social.
1.3.4.2. Específicos
• Qualificação de lideres de movimentos sociais,
• Aproximar lideres de movimentos sociais do sindicato,
• Facilitar a comunicação e o encontro entre as diversas organizações e movimentos sociais da sociedade civil,
• Aumentar o poder de reivindicação e pressão dos movimentos e organizações sociais junto aos governos,
• Subsidiar a formulação de políticas publicas junto com outras organizações sociais.
• Incentivar a participação dos lideres na vida política do país.
1.3.5. Metodologia
Os cursos serão organizados em módulo temáticos (ex: jurídico, ativismo, economia, etc.,) com tempo de duração, número de participantes, e abrangências dos temas definidos de acordo com a necessidade do publico.
A apresentação dos módulos temáticos poderão ser nos seguintes formatos:
• Cursos: com a apresentação de todos os módulos e duração aproximada de 4 dias,
• Seminários: com a apresentação resumida de todos os módulos, ou somente alguns, e duração aproximada de 2 dias,
• Palestras: com a apresentação de um módulo ou tema específico, e duração aproximada de 3 horas,
Ainda poderá ser feita a quem solicitar a apresentação somente do projeto, com duração aproximada de 3 horas.
Serão elaboradas e distribuídas entre os participantes apostilas com o conteúdo do curso.
A forma de apresentação será a exposição oral, podendo o expositor fazer uso de slides, flip-chart, vídeo, retroprojetor e outros recursos audiovisuais de acordo com a necessidade.
Ao final de cada curso será reservado um espaço de tempo para a discussão da utilidade e importância dos temas apresentados, e para a avaliação do curso.
Quanto aos temas polêmicos, tendências econômicas, sociais, políticas ou sindicais; ou qualquer outro tema que exija um posicionamento político-estratégico, a Fenascon será consultada.
1.3.6. Estratégia
Nesta etapa, pretendemos a criação de um instituto com espaço físico próprio e como apoio de parcerias, (universidades, institutos, centros de pesquisas, ongs, etc.) oferecer, a um número maior de pessoas, um leque amplo e diversificado de cursos e atividades.
O instituto será um espaço, por excelência, de discussões, debates, para a formulação de idéias, projetos e estratégias no sentido de realizar os propósitos desta empreitada.
1.3.7. Metas
1.3.7.1. Metas Objetivadas 2.000:
Nesta etapa do projeto, pretendemos para o ano 2.000, entre membros do movimento sindical e de outros movimentos da sociedade atendermos cerca de 10.000 cidadãos atingidos diretamente, e 100.000 cidadão atingidos indiretamente, através destes 10.000, que, servindo aos propósitos do projeto, se tornarão agentes multiplicadores.
Sede
Rua: General Glicério, 362 - Centro - Araçatuba/SP
Fone/Fax: (18) 3117-6651 - Cel: (18) 99143-8308 ou (18) 99143-8312
Sub-Sede
Rua: Rio Branco, 273 - 8º andar, Sala 81 - Centro - Lins/SP
Fone/Fax: (14) 3532-2662 - Cel: (14) 99185-4937